não fui feita para tomar decisões

procurei escrever esse texto despreocupadamente. porém, é sábado, já passa das nove da noite, me vejo sentada na escrivaninha ouvindo a trilha sonora de pride and prejudice e queimando a língua com o nescau que minha mãe esquentou no microondas, recém-demitida do que pensava ser meu emprego dos sonhos e com uma pilha de roupas para lavar jogadas no canto do quarto. o cara que habita meu coração encontra-se a 200km daqui de casa, em outro estado, e acabei de trancar meu amado curso de comunicação na faculdade pela terceira vez.

não me resolvo se passo o resto dos dias de forma preguiçosa e me permito descansar depois da rotina incansável dos últimos cinco meses correndo de um lado pro outro dentro de uma livraria em ascensão, ou se estabeleço uma rotina de acordar cedo + agir antes que eu perca tempo demais no ostracismo de casa. é complicado. ao mesmo tempo que quero dar um tempo no mundo, quero fazer tudo aquilo que deixei de fazer quando estava ocupada. finalmente, dar uma faxina daquelas no quarto, talvez mudar os móveis de lugar. atualizar minha lista de filmes vistos (saindo do número atual de 109 filmes para assistir), arrumar minha estante de livros de outra maneira. por título, gênero, sobrenome do autor ou editora? isso se dá pela convivência com livreiros.

em quase vinte e dois anos de vida, ainda não sei no que sou boa de verdade e como tirar proveito disso. existem coisas em que eu tenho maior facilidade e consigo executar de forma simples. porém, tenho talento para mais alguma coisa além de criar bolas de neve e deixá-las tomarem tamanhos desproporcionais e saírem atropelando a todos? ou será que sou boa apenas em continuar na minha, deixando oportunidades passarem?

ai, confusão mental. pressão. não sei se volto pra um curso de inglês ou faço francês, se procuro outro emprego ou começo meu próprio negócio na internet para ganhar dinheiro sem precisar estar trancada num escritório. não sei se tento vestibular fora do rio de janeiro, se tento outro curso ou saio para andar de patins. não sei andar de bicicleta. meu professor particular levou a sua dobrável vermelha, encontra-se agora a duas horas de distância daqui. continuo me aventurando na fotografia analógica ou vendo minhas lomográficas e gasto o dinheiro em pizza de mussarela e coca-cola?

decisões. presumo que continuarei ponderando e indagando que porra fazer nos próximos dias, acordando tarde e passando o dia esvaziando minha geladeira e largando uma pilha de louça suja na pia. dias de cão, de parasita. atualizo a quem quer que esteja acompanhando isso aqui quando parar de querer me afogar num potinho de azeitonas sem caroço.

6 comentários:

  1. Texto da minha vida. Lindo, adorei mesmo! E adorei o nome, aliás :B
    Bia linda! <3

    www.naocontapraninguem.com

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  2. Ah, se fosse fácil! Eu entendo exatamente o que você tá sentindo, sabe. As vezes também me vejo fazendo as coisas só porque o mundo está me empurrando. Mas calma.
    Você se pressiona mais que qualquer coisa. Não é porque tem 22 anos que já precisa saber de tudo sobre si. Ainda falta vida demais pra você se encontrar! E vai dar tudo certo!

    @karlinhakv
    www.fizdecanetinha.com

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    1. me pressiono demais, me julgo demais, penso que sou completamente errada. mas sei que ainda tenho tantos outros vinte e um, dois, três, vinte e quatro anos, a vida inteira!, pra descobrir o que me faz feliz de verdade :)

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  3. Te entendo totalmente. Eu me auto pressiono, mas tô tentando não fazer isso nos últimos meses e acho que vc deveria fazer o mesmo, babe. Abre a lojinha se for o que vc quiser, junta dinheiro, faz uma viagem. Pra algum lugar longe e diferente, não necessariamente fora do Brasil. Eu fiz uma dessas (não pelo motivo que estou te recomendando fazer, mas enfim) e me fez super bem. E para de se cobrar tanto... Uma hora ou outra sua vida entra nos eixos.

    Beijos!

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    1. obrigada pela recomendação da viagem, sair um pouquinho da minha rotina aqui no rio me faria um benzão ♥

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