domingo, vinte e seis de maio, completou um ano do melhor show da minha vida.
para começar, explico uma coisa: minha mãe costuma dizer que eu devia usar da mesma motivação que eu tenho para frequentar shows no resto da vida. trabalhar num emprego medíocre e estudar com a mesma vontade que tenho de assistir aos meus artistas favoritos. o que ela não entende é que ouvir minhas canções favoritas ao vivo (em especial, nos alto falantes ensurdecedores do circo voador) é o que me motiva. é um dos poucos momentos na vida em que me sinto feliz de verdade, como se tudo fizesse sentido. aquela sensação gostosa de ansiedade, enquanto o tempo passa e eu aguardo. seja sozinha, com amigos, na beira do palco, no meio da pista, no mezanino.
eu não meço esforços pra dizer que
los hermanos é minha banda favorita. pelo tanto que eu a devo. a considero minha favorita pelo significado que carrega.
primeiramente, eu
nunca fora fã deles e nem ao menos me considero da geração que cresceu ouvindo sua música; lembro-me deles tocando anna julia no faustão, lá em 1999. e lembro que a coordenação da escola tocou o vencedor para as turmas de terceiro ano de 2008. eu era negligente, não ligava. minha mãe os classificara como chatos e nunca abriu mão do rótulo. mesmo quando eu comecei e continuei ouvindo insistentemente, passando para a carreira solo do marcelo camelo e - ah, aí ela quase me expulsou de casa - mallu magalhães, que eu tanto repudiei anos atrás. me desculpe, mallu. comecei a ouvir los hermanos por vontade própria. alguns amigos gostavam, e acabei sendo influenciada. me peguei ouvindo a discografia, pelo menos, cinco vezes por dia. desde outubro de 2011.
minha primeira boa lembrança foi a comemoração dos dez anos do bloco do eu sozinho, em dezembro de 2011. houve uma apresentação na fundição progresso, fiz um esforço para ir e fui embora antes mesmo do show começar. valeu a pena pela companhia do meu melhor amigo e pelo passeio noturno pela lapa. eu não consigo ouvir
tenha dó sem me lembrar daquela noite. foi ali que eu percebi que o los hermanos tinha algo de especial, que permeava o público presente. e olha que o único integrante que estaria lá era o rodrigo barba, na bateria.
houve anúncio de turnê, show solo do marcelo camelo em março do ano passado, muita expectativa. e eu me vi cada vez mais cativada pela história da banda e sua música. acabei me tornando uma fã chata, incrivelmente apaixonada e devota.
foi com essa paixão que eu assisti o show naquele sábado no final de maio. foi sem reação que eu vi camelo, amarante, barba e medina lá do alto da fundição progresso, entrando no palco e começando aquele sonho. meu melhor amigo, que sabe tão bem quanto eu o que aquele show e o que a banda significa para nós, abraçado a mim aos prantos. era seu primeiro show também, embora ele esperasse por aquilo desde 1999. cantei, gritei, subi na grade em anna julia, e chorei abraçada ao vitor o equivalente ao oceano atlântico, do primeiro acorde de
último romance até a pausa que fizeram em seguida. meus óculos nunca ficaram tão manchados de lágrimas.
saí da fundição naquela noite feliz e sem voz. e apaixonada, tanto pela banda quanto pelo cara que me confortou durante as crises de choro no meio do show. não me arrependo de nenhum segundo daquela noite. e nem dos dias seguintes, dos meses seguintes e de tudo de especial que aconteceu de maio do ano passado pra cá. me tornei cada vez mais apaixonada e acho que isso é perceptível no meio que convivo. los hermanos tornaram-se mais que hermanos, mas parte do meu cotidiano. foram e estão sendo trilha sonora dos meus dias alegres e dias nublados.
fica aqui meu agradecimento à banda pela noite inesquecível e por terem feito parte da que considero a época mais feliz da minha vida. e fica a lembrança do que senti aquela noite e a vontade de viver tudo aquilo mais uma vez.
ps: perdoem-me pelo mimimi.